Marcelo Ferla

A melancolia da despedida veio acompanhada por um final de tarde deslumbrante com vista de 360 graus para a cidade, centro/sul/norte/Arena/São Pedro/arco-íris.

Naquele dia, último da filmagem, antes de ir para o set, a Débora, assistente de produção, pensou “que estava muito cansada e revelou um misto de felicidade e tristeza de que a rotina iria acabar.”

O Sandro “ficou saudosista e refletiu sobre o quanto se dedicou ao projeto, matando um leão por dia.”

O Rodrigo se sentiu “fortalecido pelo processo e satisfeito pela conclusão, com uma bela sensação de força mas aquele gostinho de final de festa.”

A Elissa, Primeira Assistente de Direção, desfilava um misto de melancolia e alegria.

– Vai dar um vazio, depois de quatro meses trabalhando. Amanhã vou descansar, mas logo depois vou sentir falta.

Para o Fedê, montador que acompanhou de perto toda a filmagem, não era hora do fim, mas do começo, efetivamente. Quando todos estivessem indo para suas casas, ele começaria o longo processo de montagem do Ponto Zero.

– O que eu sinto agora é empolgação, um misto de ansiedade com alegria e emoção, embora para mim a brincadeira ainda nem tenha começado. Mas será um privilégio abraçar essa responsabilidade.

As 5h, na esquina da Farrapos com a São Pedro, o Zé Pedro falou pela última vez, “pra mim, valeu!”, que é como se referia a todas as cenas que o tivessem deixado satisfeito.

Todo o set festejou, com a sensação de dever cumprido. O Fedê abraçou o Zé, baixou a cabeça e disse, baixinho: “Agora é tudo comigo.”

Para ele, foi como se tudo voltasse ao ponto zero.