As críticas

“Zé Pedro fez um curta clássico, O Dia em Que Dorival Encarou a Guarda. Demorou décadas para fazer seu longa. E não é porque ele começa no espaço, mas Ponto Zero é um óvni no cinema brasileiro atual. Não se assemelha a nada que estejamos vendo.” (Luiz Carlos Merten, Estadão)

 

“Em Ponto Zero, um garoto (Sandro Aliprandini) começa contando aquele conhecido, e sempre assustador, pesadelo espacial do astronauta que se desgruda da nave. O cabo se rompe, e lá vai ele girando para sempre no vazio…A ótima fotografia de Rodrigo Graciosa evita o modo óbvio de ilustrar essa narrativa. Em vez de um astronauta no céu, vemos o desespero de uma criança que cai na piscina e está a ponto de se afogar. (…) O pai (Eucir de Souza, excelente no tipo do brasileiro bruto) já se afastou definitivamente no rumo da cafajestagem; a mãe (Patrícia Selonk, perfeito vitimismo orgulhoso) finge que nada está acontecendo. Nada mais difícil, sem dúvida, do que fazer filmes em torno do silêncio, da incapacidade que os personagens tenham para reagir ao que acontece. Não é esse, entretanto, um dos problemas de toda infância e adolescência? Reclamamos, claro, dos acessos de fúria dos mais jovens; depois, reclamamos quando eles se fecham no quarto e não conversam com a gente. Como poderiam, se já sabem que ouvirão os mesmos conselhos e críticas?” (Marcelo Coelho, Folha de S.Paulo)

 

“Os desdobramentos da narrativa, conduzidos com ambição e coragem pelo diretor José Pedro Goulart, prenderão o espectador até o fim do filme.” (Veja)

 

Ponto Zero ecoa mão segura de diretor. Entre os atores, Sandro Aliprandini se destaca na composição de um personagem atormentado que quase não fala e por isso exige recursos ricos e variados para expressar suas emoções. Outro destaque é o apuro visual, essencial para a intensidade do que é narrado num filme de poucos diálogos. (…) Algumas cenas brilham pelo lirismo.” (Alexandre Agabiti Fernandez, Folha de S.Paulo)

 

“Definitivamente Ponto Zero é um ponto fora da curva no cinema nacional. Dois aspectos fundamentais reforçam essa ideia: uma fotografia espetacular e uma “não” narrativa simbólica. (…) O bom resultado desses elementos só é possível graças a uma fotografia ímpar e efeitos muito além do que é costumeiro em terras tupiniquins. A fotografia brinca com luz e sombra, tons amarelados sombrios. Sandro Aliprandini (Ênio) tem um trabalho expressivo muito difícil para a idade. (…) Outro grande destaque vai para Patricia Selonk. Tal como a já citada metáfora da cena inicial, Ponto Zero é a chance para reaproximar o público mais exigente das produções nacionais.” (Lucas Albuquerque, Cinemação)

 

“Logo no início, a narrativa conduz-se pelo etéreo e pela epifania, em uma narração-conversa, mais para monólogos individuais, sobre o espaço-sideral, distâncias curtas, mas longas e o “perto” que é apenas um “detalhe”. A poesia visual constrói a condução objetivada da trama, com cortes bruscos a uma cena de Bullying escolar (e que literalmente tem que comer o pão que o “diabo” amassou), confundindo propositalmente realidade e lembrança, vivência e memória, quase um Charlie Kaufman e seu Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. Ponto Zero é um filme sinestésico que está nos detalhes das micro-ações elipses continuadas, e que deseja “viajar” o público ao interno de seu personagem principal. (…) O longa-metragem é como uma vida encenada em um conto realista dentro de um teatro trágico e louco. Ele descobre nas pequenas vinganças passivo-agressivas uma forma de conservar a sanidade do meio em que vive: a mãe depressiva e submissa ao marido; o pai ausente, machista, pressionado, agressivo, raivoso, no limite da explosão, e que “sobrevive se alimentando da desgraça dos outros porque pegou costume” (o excelente ator Eucir de Souza – um “monstro” em cena – que se entrega completamente a seu papel – sem medo de voltar); a irmã alienada; e a repetição de sua própria solidão, que agrada para não mais ser um fantasma que ronda e sim participar. Entre tantas maestrias, a que mais chama a atenção, é a permanência premissa do conceito original. Não se busca explicar este teatro estilizado e estético à mercê do “destino”, da “sorte” e de “putas poetas”, investindo cada vez na catarse surtada do surrealismo psiquiátrico alucinógeno. (…) E assim, respeitando a inteligência e a percepção filosófica de seu público, o longa-metragem nasce obrigatório de se assistir e altamente recomendado, representando excelência de nossa cinematografia nacional. Por fim, um pedido: corra ao cinema, divulgue e faça com que possamos nivelar por cima a qualidade das exibições que são ofertadas e “consumidas” por todos.” (Fabrício Duque, Vertentes do Cinema) 

 

“Repassar as angústias da transposição de uma fase turbulenta, num contexto de cruel discriminação e nula vivência social é o objetivo maior do cineasta estreante em longas José Pedro Goulart (…) o filme que é exemplar em elaborações de fotografia e música.” (Correio Braziliense)

 

“Poucos filmes podem ser considerados tão impactantes quanto Ponto Zero, e os motivos se somam: trilha sonora, fotografia, interpretações, cenografia e, principalmente, um roteiro sensorial.” (Mônica Kanitz, Metro)

 

“O longa aborda a ótica de um jovem em crise valendo-se de um enredo sufocante, cenas poéticas e bela fotografia.” (Revista São Paulo)

 

“Uma fotografia deslumbrante de ambientação noturna, marcada por incessante chuva, domina a cena. Explora o caráter misterioso da situação. É etérea e pálida, com as luzes da noite enfatizando a beleza dos pingos de chuva que insistem em não parar. Ou invade o ambiente urbano, claustrofóbico, dos prédios aglomerados, passeia na bicicleta que percorre os canteiros das avenidas, mas que se mete em casa ou na sala de aula, de forma inesperada. Há um clima de angústia e incerteza que domina o filme, enquanto proporciona uma experiência estética por meio da ambientação, dos enquadramentos, da composição das cores e das luzes, nas tonalidades marrom e amarelada que predominam nas cenas.” (Pipoca Moderna)

 

“Em tempos em que o tempo digital come O Tempo, de velocidade ciclópica para quase tudo, como se vê nas séries, muitas delas ótimas, o ritmo de Ponto Zero já é uma provocação às zonas de conforto. À parte tudo mais, e assim evitando spoiler, re-ver pulsões e angústias de um menino aos 14 anos é fio condutor da trama toda rodada numa Porto Alegre “enchuvarada”. (…) Ponto Zero tem trilha sonora de Leo Henkin. Impecável, a trilha conduz filme e espectador sendo sentida o tempo todo sem se fazer notar.” (Bob Fernandes, TV Gazeta)

 

“Na contracorrente do cinema nacional atual, uma obra estética e com misto de surrealismo imagético de Buñuel com crônica familiar de Nelson Rodrigues. (…) o filme ousa em imagens e temas com a seguinte premissa estrutural: o cinema pode prescindir da fala e diálogos? (…) o diretor realmente reflete com primor algumas sequências das mais liricamente belas do ano em imagens que substituem qualquer fala do garoto central, quase sempre calado, como o prólogo/epílogo onde uma tomada do universo vira o mergulho em uma piscina da alma do protagonista. Outras ideias também são muito expressivas, como fazer no olhar do jovem todo o trânsito de veículos na rua ser invertido de ré, como se sua inocência ainda fosse na contramão do mundo, e as pedaladas de bike através de cenas do filme com outros personagens, sempre invisível. Noutras vezes, o asfalto é retratado como céu. Tudo muito lúdico e belo. (…) Grande estreia para um diretor promissor.” (Filippo Pitanga, Almanaque Virtual)

 

“Poucas vezes o cinema nacional produziu uma imagem que captasse tanto o sentimento do que é ser adolescente do que no clímax de Ponto Zero.” (Diego Olivares, Tela Tela)

 

“O filme é de intensa coloração dramática. Não são necessários dragões, zumbis, duendes, mutações ou batalhas épicas para que uma história tenha efeitos metafóricos. A magia de Ponto Zero é levar-nos para dentro da cabeça de um quase adolescente que, por fora, pareceria insignificante e imóvel. Ponto Zero é uma ótima experiência de dar visibilidade à mais injustiçada época da vida.” (Diana Corso, Zero Hora)

 

“Ao discutir uma situação tão particular, Goulart consegue abrir um leque de emoções repleto de sentimentos escondidos e percepções equivocadas, sobre como o mundo se move e o tamanho do peso que cada um pode – ou não – suportar. A trilha sonora de Léo Henkin, profunda e soturna, pontua cada momento com uma força singular; a fotografia mágica de Rodrigo Graciosa é hábil em criar imagens encantadoras e, ao mesmo tempo, assustadoras, revelando o universo de contradições pelo qual passa o menino; o impressionante trabalho de som de Kiko Ferraz é competente o suficiente para nos colocar naquela rua, debaixo de toda essa água, e não permitir que nada passe desapercebido.” (Robledo Milani, Papo de Cinema)

 

“O longa-metragem começa como um drama familiar mais intimista e depois transforma-se em uma viagem expressionista bastante sombria (com efeitos especiais criativos).” (Júlio Cavani, Diário de Pernambuco)

 

“O coração de quem assiste ficará saindo pela boca durante a hora e meio de filme. Para ver e depois passar dias pensando.” (Claudia Tajes, Zero Hora)

 

“Quando assistimos filmes, como Ponto Zero, que trabalham mais profundamente questões relativas à adolescência, não raro, nos angustiamos, pois a grande sacada é indicar que nessa fase da vida a desconexão com a “nave” parece estar sempre à espreita. (…) Essas sutilezas que o filme examina, através de Ênio, mostram a apropriação da temática de maneira exemplar, pois, as hesitações que qualquer adolescente padece, sofre frente à vida, são muitas. Principalmente, na dificuldade em estabelecer uma delimitação mais ou menos clara entre o mundo familiar e o social, entre o dentro e o fora, a vida individual e a vida social. O amor e o sexo. (…) O momento de virada, ou ponto zero, para a vida adulta nem sempre está garantido, depende como o filme nos leva a pensar, se o teste que fazemos do que foi transmitido tem alguma eficácia. Em outras palavras, de que lado da conexão da nave estamos: daquele em que podemos nos ocupar da construção de um destino e sair fora dela com menos percalços, ou daquele em que o destino nos atropela e, nesse caso, muitas vezes, sem retorno.” (Otávio Winck Nunes, Sul 21)  

“É esse o clima: Goulart aposta na força das imagens, algumas lúdicas, todas representativas do turbilhão que acomete o garoto, para retratar uma inadequação que é típica da idade mas que se vê potencializada pelo contexto que o cerca. (…) Seu jeito tímido e introspectivo é a chave para o cineasta abdicar de diálogos que seriam reiterativos e apostar naquilo que as imagens – e o excelente desenho de som de Kiko Ferraz e Chrístian Vaisz – são capazes de comunicar. É uma abordagem madura da linguagem cinematográfica, o que pode parecer improvável em um primeiro longa, porém possível em função da experiência do diretor, há três décadas dedicado a curtas, filmes comerciais e outras produções audiovisuais, para a TV ou o cinema. (…) Com suas soluções simples, mas sofisticadas – a direção de arte de Valéria Verba e a trilha de Léo Henkin são exemplares neste sentido –, com sua coerência formal e seu lirismo surpreendente, Ponto Zero é um grande filme. Uma das melhores notícias do cinema gaúcho nos últimos anos.” (Daniel Feix, Zero Hora)

 

“Em termos visuais, o filme segue padrão bastante homogêneo e impactante, com destaque em cenas noturnas, ótimo trabalho de luz contra a chuva incessante. Há muitos outros méritos no longa, a começar pelo garoto que faz o papel principal (…). Eucir de Souza está bem como sempre e Patrícia Selonk compõe uma mater dolorosa exasperante em sua instabilidade. Ponto Zero impressiona pela precisão, capricho e longos plano-sequência bem desenhados.” (Luiz Zanin Oricchio, Estadão)

 

“O novo filme de Goulart merece atenção também por se incluir entre aqueles que procuram se afastar das constatações do óbvio e revelar que há espaço para narrativas destinadas a desenvolver temas distantes do discurso e da panfletagem. Nada de palavras de ordem e proselitismo. Nada de discursos de ordem e proselitismo. Nada de discursos sobre imperfeições do mundo e que se afastam da questão central. O filme, ao focalizar o microcosmo familiar, termina por colocar no centro da imagem o ser humano e percorre o caminho no qual a essência do cinema – o personagem e o cenário em que vive – possibilita avanços e permite o equilíbrio. Goulart também procura se afastar das ingenuidades e simplificações. De certa forma, Ponto Zero é uma ousadia e se destaca num panorama onde muitos procuram o caminho mais fácil: dizer aquilo que a plateia espera ouvir, mesmo que inúmeras vezes repetido.” (Hélio Nascimento, Jornal do Comércio)

 

“Zé Pedro fez, no cinema, o que Salinger fez na literatura com O Apanhador no Campo de Centeio. Com a diferença de que o Holden Caulfield de Ponto Zero vive seu drama de adolescente movendo-se pela paisagem de Porto Alegre. Se bem que não faz diferença, poderia ser em qualquer lugar. Ponto Zero é daqueles filmes que precisam ser vistos. Porque não tem a ver com o menino que um dia fomos. Tem a ver com o menino que sempre seremos.” (David Coimbra, Zero Hora)

 

“A câmara potencializa a desestabilização do protagonista. Os bons desempenhos dos atores aumentam o interesse em torno do filme, assim como a caracterização da casa (direção de arte de Valéria Verba), ambiente desgastado que evidencia a situação de uma família em que pais e filhos não se comunicam.” (Daniel Schenker, O Globo)

 

“Além do tema ser atemporal e muito pertinente (conflitos familiares e dificuldades pra se crescer estão sempre presentes nos filmes), a história foi apresentada de uma maneira bastante interessante (…) Além da história e do roteiro, outro ponto alto é a fotografia. A paleta de cores do filme nunca foge do azul e do preto, em tons apagados, fazendo com que o clima fique ainda mais pesado (…) Todo diretor é manipulador dos nossos sentimentos, mas Goulart brincou com os do Ênio (e com os meus) até os minutos finais do filme, quando conseguimos respirar novamente.” (Quadro por Quadro)

 

“…não é tanto a história que importa, mas a maneira como o filme constrói o mundo a partir do ponto de vista do garoto protagonista. (…) Na segunda parte, vira a chave. O desejo se transmuta em pesadelo numa longa jornada noturna sob a chuva pelas ruas de Porto Alegre, de carro, de ônibus e a pé. Há muita força nesse bloco narrativo, sustentado por uma atuação impressionante do jovem protagonista, mas também por um trabalho notável de fotografia, montagem e música, tudo concatenado organicamente pela direção segura de Goulart.” (José Geraldo Couto, blog do IMS) 

 

“O longa é impactante tanto do ponto de vista visual quanto do ponto de vista narrativo, contando com um trabalho marcante de direção de arte (Valéria Verba) e desenho de som (Kiko Ferraz e Christian Vaisz). A trilha sonora de Léo Henkin é excelente. A fotografia de Rodrigo Graciosa também merece destaque.” (Lucas Salgado, AdoroCinema)

 

“O filme é um corpo vigoroso, uma raridade no cinema nacional. Goulart não esquece que a técnica, bem empregada, pode retratar de modo impressionante as emoções.” (Orlando Margarido, Carta Capital)

 

“Atrevida (e corajosa) estreia de Zé Pedro Goulart.” (Maria do Rosário Caetano, Revista de Cinema)

 

“Assim como na música “Creep”, do Radiohead, Ponto Zero faz como um desvio narrativo em direção à adolescência, (…). Se percebido através dos olhos de um personagem como Ênio, vivido pelo excepcional ator estreante Sandro Aliprandini, o mundo é tão ou mais nonsense que uma frase desconexa. É sem dúvida na atuação de Sandro Aliprandini o maior trunfo com que o diretor José Pedro Goulart conta para narrar uma história de poucos diálogos, quase onírica, da qual sobressai-se, mais que o desenlace de um enredo imbricado, a construção de um personagem e seu vertiginoso processo de amadurecimento. Ênio é um adolescente espinhento e comum quanto qualquer outro tentando safar-se dos destinos  que os outros querem lhe imputar e viver por sua própria conta. É um esquisito, como diz a letra de Thom Yorke.” (Lúcio Carvalho, Amálgama)

 

Ponto Zero começou como uma grande surpresa – por sua requintada fotografia e por sua narrativa de silêncios sufocantes.” (Rodrigo Teixeira, Omelete)

 

“Trata-se de um exercício de estilo cruel e atraente, com belas imagens, de uma plasticidade que tanto encanta quanto perturba.” (Celso Sabadin, Planeta Tela)

 

“Nunca encontrei as palavras certas para descrever o quanto o filme me comoveu. É uma experiência que, a cada minuto, me lembrava o porquê me apaixonei pelo cinema.” (Matheus Pannebacker, Cinema e Argumento) 

 

Ponto Zero fala sobre a difícil arte de se relacionar. O trabalho marcante de direção de arte (Valéria Verba) e de som (Kiko Ferraz e Christian Vaisz) somado a narrativa bem executada resultam em uma experiência a qual não estamos acostumados a ver no cinema brasileiro. O belo trabalho de direção de fotografia, por Rodrigo Graciosa, completa essa bem sucedida produção. (…) Goulart consegue fazer pensar e refletir acerca de como vai sendo construída as relações entre pais e filhos, além do impacto causado pelas intempéries entre o casal aos filhos. (…) Sandro Aliprandini vivenciou com muita veracidade o seu papel. Em seu primeiro trabalho mais expoente, numa interpretação marcante, ele conseguiu uma indicação de Melhor Ator em Gramado 2015. Gostando ou não, essa obra de Goulart, abordando a desestruturação familiar, não lhe causará indiferença.” (Giselle Costa, Blah Cultural)

 

“A obra é uma espécie de épico existencialista que faz o espectador entrar na mente de um confuso adolescente, além de estabelecer uma dissecação dos valores pequeno-burgueses não só de uma típica família classe média quanto da própria sociedade a qual ela pertence. Para isso, Goulart constrói uma narrativa carregada de pungência e simbologias clássicas, valendo-se de influências e referências diversas como o cinema metafísico de Andrei Tarkovski e os intrincados recursos estéticos de Terrence Malick, além de citações explícitas a Taxi Driver (na sequência em que um motorista de ônibus tem um ataque de fúria verbal) e Os Incompreendidos (nas longas tomadas em que o protagonista Ênio corre desesperado pelas ruas de Porto Alegre à noite). Tais elementos, entretanto, não reduzem Ponto Zero a um mero acúmulo de truques alheios, pois Goulart consegue dar uma cara própria para a sua concepção artística e a coloca em prática com um apurado acabamento formal e narrativo e transbordando sensibilidade à flor-da-pele. (…) é de se reparar como dentro de uma abordagem naturalista há nuances de delírios e onirismo que se encaixam com notável coerência.” (André Kleinert, Anti-dicas de Cinema)

 

“Um retrato visceral da difícil arte de crescer. É impossível sair indiferente.” (Suzana Uchoa Itiberê, Preview)

 

“Quantas vezes assistimos alguma coisa que realmente mexe com a gente?” (Priscila Mengue, Nonada)

 

Ponto Zero é cheio de surpresas. Difícil percebê-las da primeira vez.  O filme termina na tela, mas continua. E cresce com o passar do tempo. Só ver Porto Alegre daquele jeito já valeu. E tem todo o resto.”  (Túlio Milman, Zero Hora) 

 

“Autoral, mas cheio de referências cinematográficas, claro, Ponto Zero apresenta um olhar diferente sobre a juventude que destoa dos filmes do Eixo Rio-São Paulo. O clima aqui é de pessimismo e desolação, focando na solidão dos jovens nesse mundo dominado pelo excesso de informação e falta de afeito. (…) Assisti ao filme apreensivo, mas com a convicção de que vivemos num mundo cada vez mais doente. Um mundo que não está preparado para receber nossos jovens. (Lucio in the Sky)

 

“A solidão é um elemento crucial no roteiro, e Goulart encontra maneiras artísticas de fazer com que seja possível não só vê-la, mas senti-la. Ponto Zero é desconcertante, com silêncios que sufocam.” (Cinecessário)