Marcelo Ferla
Houve um dia em que Eucir demorou muito para dormir porque o Virgílio passou a noite brigando “com o filho.” No filme, claro, mas que diferença isso faz?
– As pessoas esperam que os personagens sejam completamente verdadeiros durante a cena e acham que, quando, ela termina, os atores conseguem voltar a ser eles mesmo naturalmente. Mas não é tão simples assim.
Nada é “tão simples assim” num longa-metragem, em que profissionais das mais variadas funções vencem dificuldades diárias em nome do bem maior.
A Adriana Borba acha difícil saber quando é para deixar o Sandrinho/Ênio molhado ou quando ele pode ser secado:
– Não queremos deixar o menino passando frio, mas às vezes é necessário.
O Jeff acha a produção difícil porque “muita coisa muda na última hora”; a Mari Garske vê dificuldades nas minúcias e nas cenas à noite; o Sandro nunca teve dúvidas de que as doze viradas noturnas na Farrapos, com chuva, seriam bem difíceis. Até o Mineiro, com seu currículo de mais de 20 longas “de respeito”, do gringo Crepúsculo aos brasucas Olga e À Deriva, e que foi o primeiro maquinista do país a trabalhar com uma Fisher 10, e que “aprendeu tudo com o Afonso Beato”, enfrenta dificuldades.
– Eu nunca tinha feito um filme sem poder ler o roteiro antes. Tive que me adaptar, porque sei que sempre será necessário bolar algo na hora.
Tudo seria fácil, se não fosse difícil. Ou, como disse o Zé Pedro em um dos primeiros dias de filmagem:
– Quem nunca está perdido, nunca encontra nada.